BRASIL SENTE PESO DE CUSTO NA LOGÍSTICA COM ALTA DO FRETE E DESVIO DE ROTAS

Publicado em: | Categoria: Notícia de Comércio Exterior

Brasil sente peso de custo na logística com alta do frete e desvio de rotas

Mesmo com a queda acentuada do preço do petróleo no mercado internacional nesta segunda-feira (23), as empresas de logística já sentem o impacto que os conflitos no Oriente Médio causam na economia e temem mais elevação de custos.

Os preços de fretes, seguros e armazenagem já aumentaram desde que Israel iniciou os ataques ao Irã há 11 dias.

Segundo a Associação Brasileira de empresas de Logística (Abralog), setores como do varejo, da indústria automotiva e o agronegócio vão sentir o peso da disparada dos preços de serviços de transporte, seguro e gestão de estoques diante do cenário de insegurança externa.

Pelos cálculos preliminares da entidade, o custo logístico total desses setores pode sofrer elevações de:

  • Varejo: + 5% a +8%;
  • Indústria Automotiva/peças: +8% a +12%;
  • Agronegócio: +6% a +10%.

“Essas são informações que coletamos da base de associados nos últimos dias com estimativas de custos. O que chamamos de custo logístico total é uma combinação de custos de transporte, armazenagem, capital investido em estoque, custos administrativos, entre outros”, disse à CNN Pedro Moreira, presidente da Abralog.

A queda do preço do barril do petróleo de mais de 7% neste início da semana aconteceu quando o mercado entendeu que o fechamento do Estreito de Ormuz não aconteceria tão cedo, mesmo ainda sendo uma possibilidade. O Irã seria um dos maiores prejudicados, no entendimento de muitos operadores ouvidos pelo blog.

Ainda assim, há muitos riscos sendo mapeados pelos setores que dependem do petróleo como insumo básico para uma infinidade de produtos. Desde o combustível, como gasolina e diesel, mas também produtos plásticos, fertilizantes e até cosméticos.

O atraso ou desvio de rotas no transporte dos insumos pode provocar rupturas de abastecimento por algum período.

Com o fechamento do espaço aéreo no Oriente Médio e a incerteza quanto às operações no Estreito de Ormuz, os custos de fretes e seguros já subiram. No caso do frete aéreo, a Abralog estima que os preços podem subir entre 15% e 25% nas próximas semanas.

No caso de embarques de grãos, a conta pode chegar a US$ 500 milhões. A conta foi feita pelo executivo Fred Humberg, CEO da AgriBrasil, uma das maiores tradings e embarcadoras de grãos do país.

Desde que essa fase do conflito começou, com os ataques de Israel ao Irã, o preço do frete marítimo para grãos subiu US$ 7 por tonelada, segundo Humberg.

“Ainda temos 40 milhões de toneladas de soja e 40 milhões de toneladas de milho para serem embarcadas para o exterior. Com esse aumento do frete em US$ 7, o custo já pode subir US$ 500 milhões nas próximas semanas”, disse o CEO da AgriBrasil à CNN.

Os desdobramentos do cessar-fogo anunciado por Donald Trump na noite desta segunda-feira (23) serão determinantes sobre o prazo e a intensidade das distorções no mercado internacional.

Mesmo com a melhora esperada nos mercados nos próximos dias, o clima de incerteza e insegurança ainda vai se manter, adiando decisões e pressionando custos.

(CNN Brasil)


Fonte: SINDICOMIS