Conflitos no Oriente Médio podem afetar exportações do Porto de Santos, diz Pomini

A intensificação dos conflitos na região do Oriente Médio acende um sinal de alerta para o Porto de Santos e para toda a cadeia logística e comercial brasileira. De acordo com Anderson Pomini, presidente da Autoridade Portuária de Santos, o cenário de instabilidade ameaça diretamente a navegação internacional e pode trazer efeitos imediatos para o Brasil.

Em 2024, o Porto de Santos recebeu 1.300 navios. Estima-se que 70% dessas embarcações utilizam petróleo oriundo do Oriente Médio.

Caso essa fonte sofra interferência significativa, tanto pelo encarecimento do barril quanto por dificuldades logísticas, o impacto será direto sobre o fluxo de navios e o comércio exterior. A navegação entre Brasil e países do sul global também pode ser prejudicada.

Impactos no agronegócio e nas exportações brasileiras

O Brasil tem no Irã um importante parceiro comercial. Além de ser um dos principais destinos do milho brasileiro, o país do Oriente Médio também importa carne de frango e outros produtos agropecuários. 

Apenas em 2024, mais de 30% da carne de frango exportada pelo Brasil teve como destino países daquela região. Ao mesmo tempo, o Irã é um fornecedor estratégico de ureia, substância essencial para a produção de fertilizantes usados no agronegócio brasileiro.

Qualquer atraso ou bloqueio nas rotas pode afetar significativamente a entrega de insumos e a exportação de commodities, colocando em risco a produtividade agrícola e os contratos comerciais do país.

Dependência logística e o papel da China

Outro fator de atenção está relacionado à China, que depende do Estreito de Ormuz para cerca de 70% do petróleo que consome. 

Com uma forte ligação comercial com o Brasil, apenas em 2024, mais de 1.300 navios partiram da China com destino ao Porto de Santos, com uma média de 108 por mês. Um bloqueio ou interrupção nessa rota estratégica comprometeria não apenas os custos, mas toda a estrutura logística entre Ásia e América do Sul.

Diante desse cenário, a Autoridade Portuária de Santos acompanha atentamente os desdobramentos internacionais, reforçando a importância da estabilidade geopolítica para a manutenção da atividade portuária e econômica do país.

(Diário do Litoral)